quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O PÓ PRETO MANCHOU A CARTA IMAGINADA E ALMEJADA SER ESCRITA...




Nunca imaginei que o sonho nutrido por mim, desde a adolescência, seria malogrado em tão pouco tempo!
 
Eu sonhava tanto em sair de minha cidade e ir morar em outro lugar; viver uma nova vida bem longe das mazelas de uma grande capital. E quando tive a chance de realizar o meu sonho, não vacilei...todos os fatores estavam tão favoráveis: a aposentadoria, o dinheiro disponível, o mais importante, crendo na anuência e na vontade soberana de Deus, e outros fatores, que aceleraram a minha mudança para outra cidade.
 
Foi tudo tão rápido, em poucos dias, estava deixando todo o meu passado para trás; rasguei todos os meus diários, sem deixar nenhum vestígio de outrora; a  única coisa que lamentei foi ter de deixar os meus livros com meu filho; levei apenas alguns deles, que ainda nem os tinha lido.
 
Toda alegre, afoita, pensei que fosse fácil começar uma nova vida em uma nova cidade; ser completamente desconhecida por todas as pessoas, mas o importante era ser conhecida por Deus.
 
Mas eu fui enganada por mim mesma, já na estrada, quanto mais me afastava de minha cidade, do meu estado; e observava as mudanças das paisagens nas estradas; as lágrimas começaram a vir nos olhos...Será que realmente tinha feito a escolha certa?
 
Fechei os olhos,  durou, apenas um mês e poucos dias, a minha estadia em Vitória. O pó preto manchou a carta imaginada e almejada ser escrita com tinta dourada do sonho realizado!
 
Todos as noites, quando eu ia dormir, sentia uma opressão no peito como se me faltasse o ar puro para respirar, e sentia o cheiro forte de enxofre; o nariz ficava entupido constantemente. E não acordava melhor, com nítida certeza, que estava no lugar errado para viver!
 
Procurei até me distrair, conhecer os pontos turísticos, tirar algumas fotos, conhecer alguns restaurantes, saborear as comidas capixabas; andar pela orla, mas quando olhava para o céu observava aquelas fumaças, aquelas nuvens cinzentas que não eram prenúncios de chuvas, e sim, de muita poluição.
 
Olhava  o mar, e também observava, que em certos lugares, ele era barrento e poluído, impróprio para o banho. Voltava entristecida pra casa, com a escolha equivocada que tinha feito.
 
Para passar o tempo, acessava a internet, escrevia, lia os meus livros, escutava músicas...mas os sons, que mais me angustiavam era os provindo do porto, os apitos dos navios...na minha imaginação, eles jamais estavam chegando, e sim, sempre partindo, partindo, e me convidando a partir também.
 
Meu gatinho também não se adaptou ao ambiente, ao ar poluído, ele ficava miando, miando,  triste, as patinhas dele ficavam sujas do pó preto, por mais que déssemos banho nele, ou limpássemos a casa.  Sempre ficava tudo sujo de novo, a casa, as nossas mãos, os nossos pés, as nossas peles...de noite, eu passava um creme para limpar a pele e só saía resíduo preto.
 
Nunca pensei que existisse um local assim no meu país, com o ar extremamente poluído e prejudicial a nossa saúde. E tudo liberado e permitido em nome do progresso, do crescimento econômico!
 
Quando desci do avião e sentir a brisa tão fresca e tão saudável de minha cidade (Salvador) não existe outro lugar que tenha uma brisa assim, as lágrimas vieram aos olhos; agradeci tanto a Deus a dádiva de voltar e olhar a extensão gigantesca da orla, o mar tão azul, tão lindo...Não sentir mais aquela opressão, aquele cheiro de enxofre, não ter que conviver com o pó preto.
 
Agora, posso escrever sem manchar as minhas cartas, o perfume provém da brisa do mar, misturado com a maresia e do suor dos pescadores...é bom passear e passar uma tarde em Itapuã, em sentar numa praça, e só observar o vai  e vem das pessoas andando, sorrindo e vivendo...
 
Quais as lições que aprendi com a minha estadia tão rápida em Vitória?
 
A primeira lição é não morar em outra cidade, posso até passear, conhecer outros lugares, mas apenas, uma breve estadia;  mas jamais me arriscar de novo em outra empreitada tão onerosa; sem antes procurar pesquisar profundamente sobre o local que eu estou indo.
 
A segunda lição é não confiar nos apelos de meu coração, nem tampouco, nos apelos dos corações dos entes amados.
 
A terceira lição é que a paz de Deus seja o árbitro das minhas decisões; nem sempre, aparentemente o melhor local, as condições favoráveis, indicam a vontade do SENHOR. A porta aberta  adequada para adentrar, morar, realizar! (Cl. 3:15)
 
A quarta lição, ainda tenho muito que aprender...


''É tolice agir quando a pomba da paz deixou nosso coração''.

(J. Oswald Sanders)



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